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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

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Origem e Natureza do Espírito

1 - Origem do Espírito

Ensina a Doutrina Espírita que o espírito (escrito em letra minúscula) é o princípio inteligente do Universo, sendo a inteligência seu atributo essencial. Esse princípio inteligente, que tem sua origem no elemento inteligente universal, passa por um processo de elaboração e individualização até o transformar-se no ser denominado Espírito.

Assim, a palavra Espírito, tanto é empregada para designar o princípio inteligente do Universo, quanto para designar esse mesmo princípio após a sua individualização. O Espírito é criado por Deus. Não é, porém uma emanação ou uma porção da Divindade. É sua obra, exatamente qual a máquina o é do homem que a fabrica. A máquina é a obra do homem, não é o próprio homem.

Deus cria o Espírito pela sua vontade, como faz em relação a tudo no Universo. Como Deus jamais deixou de criar, a criação dos Espíritos é permanente.

O Espírito é a individualização do princípio inteligente assim como o corpo é a individualização do princípio material. Essa individualização do princípio inteligente se efetua numa série de existências essas onde o princípio inteligente passa a primeira fase do seu desenvolvimento, ensaiando-se para a vida. Esse seria para o Espírito, por assim dizer, o seu período de incubação. É de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos.

2 - Evolução do princípio inteligente

A propósito, ensinam os Espíritos Superiores que os elementos orgânicos formadores dos germens que propiciaram a união do princípio inteligente à matéria achavam-se, por assim dizer, no estado de fluido no Espaço, no meio dos Espíritos, ou em outros planetas, à espera da criação da Terra para começarem existência nova em novo globo. Depois de criada a Terra, esses germens ficaram aguardando as condições propícias para se desenvolverem no planeta.

Assim, podemos dizer que o princípio inteligente se individualiza lentamente por um processo de elaboração das formas inferiores da natureza, a fim de atingir gradativamente a humanidade. Através de mil modelos inferiores, nos labirintos de uma escalada ininterrupta; através das mais bizarras formas; sob a pressão dos instintos e a sevícia de forças inverossímeis, vai tendendo para a luz, para a consciência esclarecida, para a liberdade. Esses inúmeros avatares, em milhares de organismos diferentes, devem dotar o princípio inteligente de todas as forças que lhe hajam de servir mais tarde. Eles têm por objeto desenvolver o envoltório fluídico, dar-lhe a necessária plasticidade, fixando nele as leis cada vez mais complexas que regem as formas vivas, criando-lhes assim, um potencial, mediante o qual possam, um dia, manipular a matéria, de modo inconsciente, para que o Espírito possa operar sem o entrave dos liames terrestres. Quem recusará ver nos milhões de existências a palpitarem no Planeta a elaboração sublime da inteligência, prosseguindo incessante na extensão indefinita do tempo e do espaço? São as Leis Eternas da Evolução que arrastam o princípio inteligente a destinos cada vez mais altanados, para um futuro sempre melhor, desdobrando-se em panorama de renovadas perspectivas, a partir da idade primária aos nossos dias. Não for o acaso que gerou essas espécies animais e vegetais. No seu desfile, a consequente possui sempre algo mais que a antecedente e, quando a ciência nos desvenda os quadros sucessivos dessas transmutações, é que vemos a inapreciável riqueza nelas contida, a ampliar-se sempre. Quanta majestade nessas fases de transição! Que grandeza nessa marcha lenta, porém firme, para chegar ao homem, florescência da força criadora, magnífica joia que resume e sintetiza todo o progresso.

Tudo no Universo está submetido à lei do progresso. Desde a célula verde, desde o embrião errante, boiando à flor das águas, a cadeia das espécies tem-se desenrolado através de séries variadas, até nós. Cada elo dessa cadeia representa uma forma da existência que conduz a uma forma superior, a um organismo mais rico, mais bem adaptado às necessidades, às manifestações crescentes da vida; mas, na escala da evolução, o pensamento, a consciência e a liberdade só aparecem passados muitos graus. Na planta, a inteligência dormita; no animal, sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se, e torna-se consciente.

A união do princípio inteligente à matéria, assim como o processo evolutivo desse mesmo princípio inteligente, até atingir a sua individualização plena, são descritos pelo Espírito André Luiz da seguinte maneira:

"A matéria elementar dera nascimento à província terrestre, no Estado Solar a que pertencemos. A imensa fornalha atômica estava habilitada a receber as sementes da vida e, sob o impulso dos Gênios Construtores, que operavam no orbe nascituro, vemos o seio da Terra recoberto de mares mornos, invadido por gigantesca massa viscosa a espraiar-se no colo da paisagem primitiva. Dessa geleia cósmica, verte o princípio inteligente, em suas primeiras manifestações.

Trabalhadas, no transcurso de milênios, pelos operários espirituais que lhes magnetizam os valores, permutando-os entre si, sob a ação do calor interno e do frio exterior, as mônadas celestes (princípio inteligente) exprimem-se no mundo através da rede filamentosa do protoplasma de que se lhes derivaria a existência organizada no Globo constituído. Séculos de atividade  silenciosa perpassam, sucessivos.

Das cristalizações atômicas e dos minerais, do vírus e do protoplasma, das bactérias e das amebas, das algas e dos vegetais do período pré-câmbrico aos fetos e às licopodiáceas, aos trilobites e cistídeos, aos cefalópodes, foraminíferos e radiolários dos terrenos silurianos o princípio espiritual atingiu os espongiários e celenterados da era paleozoica, esboçando a estrutura esquelética.

Avançando pelos equinodermos e crustáceos, entre os quais ensaiou, durante milênios, o sistema vascular e o nervoso, caminhou na direção dos ganóides e teleósteos, arquegossauros e labirintodontes para culminar nos grandes lacertinos e nas aves estranhas, descendentes dos pterossauros, no jurássico superior, chegando à época supracretácea para entrar na classe dos primeiros mamíferos, procedentes dos répteis teromorfos. Viajando sempre, adquire entre os dromatérios e anfitérios os rudimentos das reações psicológicas superiores, incorporando as conquistas do instinto e da inteligência. Estagiando nos marsupiais e cetáceos do eoceno médio, nos rinocerotídeos, cervídeos, antilopídeos, equídeos, canídeos, proboscídeos e antropóides inferiores do mioceno e exteriorizando-se nos mamíferos mais nobres do plioceno, incorpora aquisições de importancia entre os megatérios e mamutes, precursores da fauna atual da Terra, e, alcançando os pitecantropóides da era quaternária, que antecederam as embrionárias civilizações paleolíticas, a mônada vertida no Plano Espiritual sobre o Planeta Físico atravessou os mais rudes crivos da adaptação e seleção, assimilando os valores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, do instinto, da sensibilidade, da percepção e da preservação própria, penetrando assim, pelas vias da inteligência mais completa e laboriosamente adquirida, nas faixas inaugurais da razão. Compreendendo-se, porém que o princípio divino aportou na Terra, emanando da Esfera Espiritual, trazendo em seu mecanismo o arquétipo a que se destina, qual a bolota de carvalho encerrando em si a árvore veneranda que será de futuro, não podendo circunscrever-lhe a experiência ao plano físico simplesmente considerado, porquanto, através do nascimento e morte da forma, sofre constante modificações nos dois planos em que se manifesta, razão pela qual variados elos da evolução fogem à pesquisa dos naturalistas, por representarem estágios da consciência fragmentária fora do campo carna propriamente dito, nas regiões extrafísicas, em que essa mesma consciência incompleta prossegue elaborando o seu veículo sutil, então cassificado como protoforma humana, correspondente ao grau evolutivo em que se encontra."
( André Luiz / Chico Xavier, Evolução em Dois Mundos )

Como se vê, por tudo que foi exposto, a mônada vai modelando, ao longo das eras, em seu processo de individualização, não só as suas estruturas físicas , mas também o seu envoltório fluídico, até tornar-se Espírito e estar apto para ingressar no período da Humanidade. Esse processo de modelagem, contudo, não se interrompe aí, antes se aprimora, pela evolução do Espírito, conforme deflui do seguinte ensino de Kardec:

"O corpo é, pois o envoltório e o instrumento do Espírito e, à medida que este adquire novas aptidões, reveste outro invólucro apropriado ao novo gênero de trabalho que lhe cabe executar, tal qual se faz com o operário, a quem é dado instrumento menos grosseiro à proporção que ele se vai mostrando apto a executar obras mais bem cuidadas. Para ser mais exato, é preciso dizer que o próprio Espírito que modela o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talh-o de acordo coma  sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais; cabe-lhe a ele empregá-los. Desde que um Espírito nasce para a vida espiritual, tem, por adiantar-se, que fazer uso de suas faculdades, rudimentares a princípio. Por isso é que reveste um envoltório adequado ao seu estado de infância intelectual, envoltório que ele abandona para tomar outro, à proporção que se lhe aumentam as forças. Quanto ao envoltório fluídico do Espírito, esse também se modifica com o progresso moral que o Espírito realiza em cada encarnação."
(Allan Kardec - A Gênese)

3 - Natureza do Espírito

Existem poucas informações a respeito da natureza do Espírito.
Dizem os Espíritos Superiores que o Espírito - na sua condição de princípio inteligente individualizado - é incorpóreo, constituído de matéria quintessenciada, ainda sem analogia para nós. A sua forma é também, para nós indefinida. Podemos compreendê-lo como uma chama, um clarão ou uma centelha, tendo coloração que vai do escuro e opaco a uma cor brilhante, qual a do rubi, de acordo com a sua menor ou maior pureza.


Em virtude da sua natureza, o Espírito pode transportar-se com a rapidez do pensamento, sem que a matéria mais  densa lhe ofereça qualquer obstáculo. O seu poder de irradiação se amplia, à medida que  evolui, podendo, assim, projetar-se para diversos pontos ao mesmo tempo sem se dividir, constituindo assim, o chamado dom de ubiquidade dos Espíritos.

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